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O uso da IA

Projeções futuras e a Inteligência Artificial

                “Criar uma imagem com deslizamento”. Enter. “Transbordar água”. Enter. Esses foram alguns simples comandos apresentados para a Inteligência Artificial (IA) de programas de edição de fotografias. O objetivo era fazer modificações e/ou inserções de desastres climáticos. 

                A Inteligência Artificial é um ramo da ciência da computação que busca desenvolver sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente exigiria inteligência humana. Isso inclui reconhecer padrões, tomar decisões, aprender com dados e muito mais. No contexto de imagens, a IA pode ser usada para editar fotos e vídeos, criar ilustrações, identificar objetos e diversas outras aplicações. Com algoritmos avançados, a IA consegue analisar os dados fornecidos por comandos e produzir resultados precisos e rápidos. 

                Com base em entrevistas com especialistas e dados apresentados em relatórios climáticos, podemos projetar os impactos das mudanças climáticas na cidade de Curitiba. A partir do uso das tecnologias de Inteligência Artificial, criamos fotografias que representem esses possíveis desastres. 

                A fim de informar, conscientizar e alertar a população curitibana, a proposta das fotografias foi experimentar o uso da tecnologia dentro do Jornalismo, ética e profissionalmente. Aqui, deixamos sempre sinalizadas as imagens modificadas para garantir que você, leitor, esteja sempre ciente de quando a fotografia é real ou não. 

                Para projetar os dados dos mapas nas imagens modificadas por IA, realizamos algumas etapas. Em um primeiro momento, inserimos algumas imagens de paisagens abertas do Google Street View no software da Adobe, no programa Photoshop. Depois, selecionamos o objeto ou a área que queríamos alterar e acionamos a ferramenta Generative Fill. Lá inserimos os comandos que fazem a Inteligência Artificial - podem ser verbos para remover ou inserir algo, ou só palavras que indiquem mudanças. Aqui nós usamos os comandos “remover prédio” e “alagamento”.

                Essa tecnologia pode ser utilizada para criar propagandas de Marketing, auxiliar na programação de sistemas, mas também para disseminar informações falsas. É sempre importante ficar atento sobre o uso perigoso e antiético da Inteligência Artificial para sensacionalizar debates climáticos, ou até mesmo manipular discussões políticas. Por exemplo, em maio deste ano durante as enchentes do Rio Grande do Sul, diversas imagens criadas por Inteligência Artificial foram divulgadas. 

                Para o pesquisador sênior de Direito e Tecnologia no Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), João Victor Archegas, a Inteligência Artificial pode ser usada para propagar desinformação. Não apenas com textos, mas principalmente imagens manipuladas, que possuem um grau significativo de periculosidade devido a alta probabilidade de pessoas acreditarem. No caso das enchentes do Rio Grande do Sul, o pesquisador pontua que essas imagens falsas atrapalham o trabalho da Polícia e Corpo de Bombeiros, que acabam por receber denúncias equivocadas. "Às vezes, as pessoas não sabem que estão recebendo uma informação falsa, porque esse conteúdo gera comoção", afirma Archegas.  Confira abaixo trecho da entrevista.

                Para o pesquisador da ITS, ao se tratar da produção desses materiais artificiais o mais indicado é ter transparência. “Quando a gente pensa em regulamentação, me parece que um dos principais elementos é justamente trazer mais transparência para a criação de conteúdo por Inteligência Artificial. Isso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez muito bem para as eleições de 2024 na Resolução sobre propaganda eleitoral, que agora é necessário você identificar a imagem produzida por IA. Pode até usar na campanha, mas se eu fizer isso como uma forma de facilitar a minha comunicação com o meu eleitorado, tem de ser transparente. Seja colocando uma marca d'água, seja você colocando um rótulo ou descrevendo no próprio texto que aquele conteúdo foi realizado com assistência de Inteligência Artificial.”

                Hoje em dia, a tecnologia é tão inteligente que não é seguro contar apenas com o olhar treinado do(a) leitor(a), pois pode ser facilmente enganado. Os defeitos de uma imagem gerada por IA são pequenas e a saída é realmente contar com a transparência e honestidade do produtor de conteúdo.  

 

Questão legislativa

 

                Como nem sempre é possível contar somente com o bom senso e a boa vontade dos produtores de conteúdo, é necessário uma regulamentação legal em relação ao uso dessa tecnologia. O pesquisador da ITS afirma que temos de debater sobre regulamentações específicas para cada setor. “Caso as áreas especializadas entendam exatamente como a Inteligência Artificial se aplica na sua atuação - qual é o benefício e os riscos -, talvez seja melhor do que a gente pensar em uma regulamentação única, uma lei geral de Inteligência Artificial. Por exemplo, a implementação da Inteligência Artificial na área da saúde estaria na responsabilidade do Ministério da Saúde. Na área da educação, o Ministério da Educação cuidaria da regulamentação”, afirma Archegas.

 

                Atualmente, no Brasil, não existe uma lei específica que regulamente a Inteligência Artificial, porém existem normas sobre o uso da tecnologia em campanhas eleitorais. 

 

A Inteligência Artificial e o Jornalismo

 

                A priori, o(a) jornalista possui a responsabilidade com a informação e a transparência com o(a) leitor(a). O processo de apuração e investigação é a busca do(a) profissional chegar mais perto da verdade para que os fatos sejam transmitidos da melhor maneira possível. A Inteligência Artificial vem se popularizando no meio jornalístico. Jornalistas usam chats como ferramenta de ajuda durante elaboração de textos e criação de imagens (como é o nosso caso). No entanto, é importante ter ética profissional e alertar o seu público.

                O pesquisador da ITS pontua que não somente é importante avisar que o material é realizado com Inteligência Artificial, como também expor como foi feito. “Só fazer uma marca d'água ou um termo de responsabilidade falando sobre o uso da Inteligência Artificial não é suficiente. Eu gostaria de ver exatamente quais comando foram usados pelo(a) jornalista.  Dizer que você usou Inteligência Artificial é insuficiente, porque eu não sei como você chegou naquele resultado. Quando eu for ler alguma matéria feita com IA, quero entender quais foram os elementos usados, quero ter um olhar analítico em casos de citação de fontes que não existem e o jornalista não verificou isso”, ressalta Archegas. 

                As tecnologias de Inteligência Artificial não possuem comprometimento com a verdade, uma vez que não conseguem apurar e mensurar o que é verdade ou não - afinal, são utilizados conteúdos publicados na internet para construírem as respostas automáticas. Talvez o que está disponível nas redes sociais ou na web pode estar distorcido, incompleto, ou até mesmo equivocado, e o chat não tem a capacidade de verificar essas informações. Por isso, a apuração, investigação e checagem de fatos ainda são imprescindíveis na prática jornalística. Confira abaixo outro trecho da entrevista.

Projeções Climáticas em Curitiba

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