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                O bairro Portão testemunhou uma cena incomum: um muro sendo arrastado pela força da enxurrada. O temporal que atingiu Curitiba em 3 de fevereiro de 2024 deixou um rastro de consequências. Em menos de uma hora, o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar) registrou índices pluviométricos alarmantes. Estudantes do Colégio Michel Cury enfrentaram um deslizamento na encosta ao lado da escola, transformando um dia comum em um cenário de tensão e perigo. No bairro Capão Raso, moradores próximos às ruas Otávio Saldanha Mazza e Olindo Sequinel viram o solo ceder e ser erodido pelas águas da chuva. Além disso, pelo menos 12 quedas de galhos de árvores foram reportadas em várias regiões da capital paranaense, complementando o cenário de desolação.

                Clóvis Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), alerta que as áreas urbanas de todo o globo estão cada vez mais vulneráveis a eventos climáticos extremos. “É uma necessidade urgente de mudança de cultura e de conceitos, envolvendo órgãos públicos, empresas e toda a sociedade na adoção de medidas de adaptação e proteção ambiental”, destaca. O especialista ambiental enfatiza que o aumento da frequência e seriedade de eventos climáticos extremos é uma realidade que não pode mais ser ignorada.

                Os riscos de deslizamento em Curitiba não se limitam aos bairros Portão e ao Capão Raso. Segundo o Relatório de Avaliação de Riscos Climáticos da Cidade de Curitiba de 2020, os principais riscos de deslizamento estão na região norte da cidade, especialmente nos bairros Pilarzinho, Abranches, Cachoeira e Santa Felicidade.

Erosão​​

Fonte: Rede Curitiba Climática / Relatório de Avaliação de Riscos Climáticos da Cidade de Curitiba, de 2020.

                O relatório aponta que essas alterações no grau de risco entre ao longo dos anos se devem principalmente às mudanças no uso e ocupação do solo na região, ressaltando a influência humana na intensificação dos problemas ambientais.

 

                 André Luiz Braga Turbay, líder do Laboratório do Clima (LabClima) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR),  acrescenta que processos erosivos estão ocorrendo cada vez mais nas margens dos rios. Turbay ressalta que os mapeamentos de riscos de erosão, por serem realizados em grande escala territorial, nem sempre são precisos. Desde 2020, o LabClima da PUCPR estuda a região da Vila Torres.

 

                  “Chegamos na Vila Torres achando que o principal problema ali seriam alagamentos, por causa do Rio Belém, mas o maior problema da população que vive ali hoje é o processo erosivo do rio”, conta o llíder do LabClima. Isso revela a necessidade de estudos mais detalhados e localizados para entender e mitigar os impactos da erosão.
 

                De acordo com Borges,  Curitiba enfrenta desafios significativos nesse contexto, não sendo uma cidade resiliente, mas sim uma metrópole com todos os problemas típicos das grandes cidades. O especialista ambiental enfatiza a importância de políticas públicas que transformem projetos demonstrativos em iniciativas de grande escala, capazes de enfrentar os desafios climáticos de forma eficaz. Para ele, a solução não reside apenas em ações locais, mas em uma abordagem abrangente que envolva investimentos substanciais e planejamento a longo prazo.

               

                “Isso não é um problema de Curitiba como cidade. É um problema de políticas públicas de um país que precisa fazer dotações orçamentárias enormes para reverter um caminho que está errado há décadas. A correção não é de curto prazo”, destaca. Borges afirma que sem uma solução coordenada e robusta, eventos como o ocorrido no bairro Portão podem se tornar cada vez mais frequentes, exigindo uma resposta coletiva rápida para proteger as cidades e comunidades.

Projeções futuras geradas por Inteligência Artificial

                A Inteligência Artificial (IA) é um campo que se popularizou por meio de ferramentas generativas, como o ChatGPT e o MidJourney AI, mas ela não se restringe apenas a isso. Além de criar novos conteúdos, essa tecnologia também é capaz de realizar tarefas que geralmente precisam de inteligência humana, como reconhecer padrões, tomar decisões e aprender com dados. Por se tratar de uma tecnologia recente, a IA ainda carece de diretrizes amplamente difundidas, o que pode ocasionar dilemas éticos.

                Nos últimos anos, a IA se tornou uma ferramenta fundamental em diversas áreas, e o jornalismo não é exceção. Com algoritmos cada vez mais sofisticados e uma capacidade de processamento de dados sem precedentes, a IA está transformando a maneira como as notícias são produzidas, distribuídas e consumidas. No entanto, o pesquisador sênior de Direito e Tecnologia no Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), João Victor Archegas, afirma que essas ferramentas não foram desenvolvidas especificamente para a produção de conteúdos jornalísticos, resultando na ausência de um rigor na checagem dos fatos que garanta a qualidade da informação.

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                De acordo com Archegas, no Jornalismo é fundamental ter um cuidado extra ao fazer uso da IA, pois os profissionais não só precisam utilizar essas ferramentas, mas também explicar claramente como as utilizam. “Não é só dizer que usou, é dizer como usa, ainda mais agora, que a gente está vendo as inteligências artificiais, pelo menos modelos de linguagem natural, dando o próximo passo, que é citar fontes na estruturação do texto”, esclarece.

               

                Com base nos dados fornecidos pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar), pelo Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (PlanClima), e nas análises de especialistas citadas nesta reportagem, utilizamos Inteligência Artificial para criar projeções visuais dos cenários climáticos futuros em Curitiba.

                Para alcançar os objetivos esperados na projeção foram realizadas etapas como a escola de paisagens abertas do Google Street View, a inserção da imagem no Adobe Photoshop e a seleção do objeto dentro da imagem para a IA alterar. Em seguida, utilizamos a ferramenta Generative Fill e inserimos comandos que orientam a IA a gerar as alterações desejadas. Contamos com o uso de verbos para remover ou inserir algo, ou apenas palavras para indicar o que deveria ser alterado.

                No caso da erosão, usamos imagens da rua Marcília Vaz Carneiro, no bairro Pilarzinho, e da rua Lycio Grein Castro Vellozo, no Mercês, regiões com riscos de deslizamento aplicamos os comandos: remove (para remover tags e letras das ruas), terra e erosão.

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As projeções apresentadas neste projeto são meramente ilustrativas, mas destacam as áreas mais vulneráveis às mudanças climáticas na cidade.

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Projeções Climáticas em Curitiba

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