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Ondas de calor

                O verão dos anos de 2023 e 2024, em Curitiba, começou com temperaturas recordes e um tempo seco persistente, raramente interrompido por chuvas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a média de temperatura da capital paranaense nesse período foi a mais alta registrada nos últimos cinco anos, marcando o início de uma estação com extremos climáticos inéditos. Em novembro de 2023, o Inmet emitiu um alerta vermelho para o Paraná devido à onda de calor intensa. Até mesmo Curitiba, conhecida pelo clima ameno, ficou sob alerta vermelho. Por mais de cinco dias, os termômetros marcaram temperaturas 5º C acima da média, transformando a cidade em um caldeirão fervente e aumentando os riscos de desidratação, insolação, queimaduras, além de complicações de pressão e respiratórias. 

                A urbanização e o estilo de vida urbano são elementos centrais da mudança climática, devido às suas relações diretas com as emissões de gases de efeito estufa. Curitiba, conhecida como uma "cidade verde" por seus numerosos parques urbanos, também se destaca pelo seu sistema de transporte público. No entanto,  apesar de melhorar a mobilidade urbana, este sistema também gera consequências ambientais.

                Segundo André Luiz Braga Turbay, líder do Laboratório do Clima (LabClima) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), as vias onde os ônibus biarticulados passam estão rodeadas de prédios altos, resultando em uma alta concentração populacional nessas áreas. “Isso acaba acarretando no adensamento desses corredores de transporte. Nestes lugares, são surgem ilhas de calor muito intensas, pois não há ventilação. Você tem como se fosse um ‘cânion’ urbano”, explica. Confira abaixo o que são os "cânions urbanos".

​​​​​​​​​​                As ruas mais movimentadas do Centro de Curitiba, caracterizadas por prédios altos e pavimentação asfáltica, são consideradas "cânions urbanos". Nessas áreas,  a alta densidade de edifícios cria um ambiente que se comporta como um corredor para fenômenos climáticos. Além da proliferação de prédios, obras de infraestrutura também contribuem para esse efeito.

                A avaliação do Plano de Mitigação e Adaptação às Mudança Climáticas (PlanClima) revela que há uma tendência futura de aumento na temperatura média de Curitiba. Há também uma forte tendência de estiagem. Dias consecutivos sem chuva serão frequentes, e a cidade poderá enfrentar longos períodos de estiagem, afetando o abastecimento de água. O relatório de Avaliação de Riscos Climáticos da Cidade de Curitiba, produzido pela prefeitura da capital, apresenta dados que indicam que a temperatura da cidade deve “ultrapassar 40ºC até o final do século, enquanto a temperatura mínima deve ficar acima de 0ºC, evidenciando o efeito da mudança do clima sobre a cidade”.

               O relatório revelou que as áreas com maior risco de formação de ondas de calor são aquelas altamente urbanizadas, como os bairros Centro, Alto da XV, Rebouças, Jardim Botânico, Alto da Glória, Juvevê, Mercês, São Francisco, Centro Cívico, Bom Retiro e Batel.  

                O estudo verificou ainda que áreas de parques e bosques da Cidade, como Jardim Zoológico, Bosque Reinhard Maack, Jardim Botânico, Parque Barigui, Bosque Capão da Imbuia, dentre outras áreas verdes, atuam como “repelentes” dos efeitos das ondas de calor.  Esses espaços verdes não apenas fornecem sombra e umidade, mas também ajudam a regular a temperatura, criando microclimas mais amenos em meio à urbanização intensa.

Fonte: Rede Curitiba Climática / Relatório de Avaliação de Riscos Climáticos da Cidade de Curitiba, de 2020.

                Para Clóvis Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Curitiba não está preparada para chuvas extremas, nem para secas extremas, como a que acabamos de passar há uns anos atrás. "As pessoas esquecem mas precisamos realizar rodízio de abastecimento de água, não havia sequer uma reserva”, ressalta.

                Em maio de 2020 o Governo do Estado do Paraná decretou situação de emergência hídrica. Em novembro do mesmo ano, foi registrado o nível de água mais baixo dos reservatórios, chegando a média de 26,77%, conforme dados do Sistema de Abastecimento Integrado (SAIC). Ao todo 14 municípios foram impactados com o racionamento que durou 649 dias. No período mais crítico de estiagem a Sanepar, companhia que presta os serviços públicos de saneamento básico no Estado, adotou um sistema de 36 horas com água e 36 horas sem água. Esse período de racionamento revelou a fragilidade do sistema de abastecimento de água em Curitiba e a necessidade de políticas de conservação e gestão dos recursos hídricos em casos de crises climáticas mais severas.

                 Nesse cenário, Borges destaca que a sociedade como um todo pagará pelas consequências das mudanças climáticas, especialmente a população que vive em regiões de risco. “Quem vai mais pagar é a população vulnerável que vive nessas regiões mais urbanizadas. Isso é realmente criminoso é muito difícil de resolver”, conclui. O especialista argumenta que as políticas públicas precisam ser reavaliadas e que medidas de mitigação e adaptação devem ser implementadas para enfrentar os desafios impostos pelo aquecimento global e suas consequências diretas.

Projeções futuras geradas por Inteligência Artificial

                A Inteligência Artificial (IA) é um campo que se popularizou por meio de ferramentas generativas, como o ChatGPT e o MidJourney AI, mas ela não se restringe apenas a isso. Além de criar novos conteúdos, essa tecnologia também é capaz de realizar tarefas que geralmente precisam de inteligência humana, como reconhecer padrões, tomar decisões e aprender com dados. Por se tratar de uma tecnologia recente, a IA ainda carece de diretrizes amplamente difundidas, o que pode ocasionar dilemas éticos.

                Nos últimos anos, a IA se tornou uma ferramenta fundamental em diversas áreas, e o jornalismo não é exceção. Com algoritmos cada vez mais sofisticados e uma capacidade de processamento de dados sem precedentes, a IA está transformando a maneira como as notícias são produzidas, distribuídas e consumidas. No entanto, para o pesquisador sênior de Direito e Tecnologia no Tecnologia no Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), João Victor Archegas, essas ferramentas não foram desenvolvidas especificamente para a produção de conteúdos jornalísticos, resultando na ausência de um rigor na checagem dos fatos que garanta a qualidade da informação.

 

                De acordo com Archegas, no jornalismo, é fundamental ter um cuidado extra ao fazer uso da IA, pois os profissionais não só precisam utilizar essas ferramentas, mas também explicar claramente como as utilizam. “Não é só dizer que usou, é dizer como usa, ainda mais agora, que a gente está vendo as inteligências artificiais, pelo menos modelos de linguagem natural, dando o próximo passo, que é citar fontes na estruturação do texto”, esclarece.

               

                Com base nos dados fornecidos pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar), pelo Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (PlanClima), e nas análises de especialistas citadas nesta reportagem, utilizamos inteligência artificial para criar projeções visuais dos cenários climáticos futuros em Curitiba.

                Para alcançar os objetivos esperados na projeção foram realizadas etapas como a escola de paisagens abertas do Google Street View, a inserção da imagem no Adobe Photoshop e a seleção do objeto dentro da imagem para a IA alterar. Em seguida, utilizamos a ferramenta Generative Fill e inserimos comandos que orientam a IA a gerar as alterações desejadas. Contamos com o uso de verbos para remover ou inserir algo, ou apenas palavras para indicar o que deveria ser alterado.

                No caso de ondas de calor, usamos imagem da Praça Tiradentes, Centro de Curitiba, região com riscos de ondas de calor e aplicamos os comandos: remove (para remover tags e letras das ruas), faíscas, derretimento, sol forte, pneus queimados, fogo e árvore seca. Para fins ilustrativos, também geramos imagens do Parque Barigui, no Bigorrilho.

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As projeções apresentadas neste projeto são meramente ilustrativas, mas destacam as áreas mais vulneráveis às mudanças climáticas na cidade.

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Projeções Climáticas em Curitiba

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